A simbologia da flor da anémona (Anemone coronaria), muito valorizada na
antiga Grécia, tem origem no mito associado ao amor intenso e exuberante,
embora frágil e fugaz, nascido entre a deusa Afrodite e o belo Adónis.
O jovem (fruto da relação incestuosa entre
Mirra e o seu pai Cíniras) estando um dia a caçar longe da proteção da sua
amada Afrodite foi, violentamente, atacado por um javali (talvez enviado pelo
ciumento Marte) que o feriu mortalmente numa virilha. Sentindo a morte do amado
a deusa correu prontamente em seu auxílio, ferindo-se no pé com um espinho,
cujo sangue tingiu uma rosa branca que, a partir daí, se tornou vermelha pelo
sangue de Afrodite.
"The Awakening of Adonis - O Despertar de Adónis" - John William Waterhouse (1849-1917)
A deusa chorou perdidamente por ser
incapaz de reanimar o seu amado e de comover as parcas a evitar sua morte.
Ajoelhou-se junto a ele e tocou na terra ensanguentada, exclamando que ela ou o
mundo jamais o esqueceriam, pois do seu sangue iria sempre nascer uma flor
primaveril embora, como ele, de vida breve e destinada a morrer.
O sangue de Adónis transformou-se na
anémona, filha do vento (em grego, Άνεμοι — "Anemoi"), que logo ao florescer perde as pétalas com o seu sopro . Esta flor teria assim nascido do sangue
do belo mancebo, abundando na Primavera pelas costas do Mediterrâneo.
Os "jardins de Adónis" tem
origem num culto fúnebre feminino associado a Afrodite, celebrado anualmente na
Primavera, em várias regiões sírias e do mundo antigo, onde as sementes da
anémona são semeadas em vasos e regadas com água quente, estimulando o seu
rápido crescimento embora a curta permanência.
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