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sexta-feira, 13 de janeiro de 2017
terça-feira, 10 de janeiro de 2017
AGNOCASTO
A planta, na antiguidade, era sobretudo usada devido ao seu efeito anafrodisíaco, existindo desde há muito a crença de que o Agnocasto podia reprimir o ardor amoroso, daí a denominação grega de a-gonos (sem descendência) utilizada por Dioscórides.
Na Idade Média, até ao séc. XV, mantinha-se
a tradição que recomendava a quem quisesse viver de forma casta, que colocasse
no leito um pequeno saco com as suas flores e sementes.
Nessa época a designação
inicial “agno” foi substituída, pelo
latim medieval, por “agnus”
(cordeiro), perdendo o seu sentido original.
Apesar da comprovada diminuição da
excitação sexual o efeito terapêutico desta planta era reconhecido, nas mulheres,
pela sua capacidade de tratar problemas ginecológicos, infertilidade e promover
a lactação, enquanto, nos homens, a diminuição da líbido, ocasionava uma menor
produção de sémen. Esse facto associado ao forte conceito de pecado atribuído à
prática sexual pela igreja cristã, induziu, nos mosteiros, o seu uso pelos
monges que o cultivavam abundantemente nos claustros, daí ser, também,
conhecido por “pimenta de monge”.
O Agnocasto é uma das ervas
atribuídas a S. João pelas suas virtudes curativas, além de proféticas e protetoras
da alma das tentações terrenas, sendo, por isso, apelidado de “lenho santo”.
Adaptado de Tratto da “Erbe e Piante del Cilento” D. De Santis
domingo, 8 de janeiro de 2017
ACÓNITO
O
acónito (Aconitum napellus) é uma planta de elevada toxicidade conhecida desde tempos remotos por povos europeus e asiáticos que a utilizavam vulgarmente para fins bélicos, contra
os inimigos, no envenenamento de flechas, espadas, punhais e lanças. Fontes
históricas comprovam a legalidade da sua utilização na Grécia antiga.
O seu poderoso veneno está presente em todas as suas partes, embora a
maior concentração se situe nas raízes. É interessante verificar que as formas
das suas flores, apesar de belas, fazem lembrar um capacete de batalha; daí, a
correspondência entre as suas capacidades mortais e as guerras ou, ainda, às emoções
ligadas ao ímpeto da retaliação, como é o caso do amor carregado de culpa, sendo, por isso, conhecida pela flor da vingança.
MITOLOGIA E MAGIA
A
antiguidade da utilização do acónito é comprovada pela sua fama ser relatada em
histórias mitológicas greco-latinas. Ovídio conta que, no seu último trabalho,
Hércules foi incumbido de trazer do Hades, o cão infernal Cerberus que impedia
a saída do submundo, lutando e vencendo-o apenas com as suas próprias mãos.
Nessa luta, da qual saiu vencedor, ao trazer o animal à luz do dia, fez com que
este, raivoso e sem forças, ao sentir a luz , produzisse uma saliva venenosa
que ao tocar na terra tivesse produzido o acónito. A própria tradição faz
derivar a palavra acónito de Acona (em grego, significa "pedra",
relação com os solos pedregosos onde a planta cresce), vila na Bitínia, no porto
de Heracleia (mar Negro), local de origem da planta.
O acónito está associado a outros mitos, tais como o envenenamento de Teseu por Medeia, à ferida incurável de Quíron e ao sangue derramado, cheio de amargura, pela maldição lançada a Prometeu.
Dioscórides
relata que o veneno das suas raízes era misturado com carne para envenenar os lobos,
prática que permaneceu na Europa medieval associando-se ao mito do lobisomem
pois, ao matar lobos, seria também fatal para os lobisomens (todo o lobo
poderia ser um homem transfigurado). Por esse facto, o acónito, também é
conhecido por “wolfsbane”.
O
seu uso continha outras propriedades mágicas, entre elas a da invisibilidade,
pois a flor, em forma de elmo de combate, serviria para iludir e evitar olhares
indesejados, conferindo vantagens vingativas ao seu portador. E, livros de
magia e feitiçaria citam outros poderes que incluem a capacidade de voar em vassouras
ou, ainda, qualidades visionárias pelo seu efeito alucinogénio. Daí, também, lhe
ser atribuída a possibilidade de desenvolver a sabedoria e inteligência quando as
suas flores eram colocadas, durante o sono, sob a almofada.
Atualmente, é sabido que,
apesar da sua beleza exterior, a presença da aconitina (potente alcalóide) presente
na planta, são a causa da sua elevada toxicidade.
Saiba mais
sexta-feira, 6 de janeiro de 2017
ALECRIM
O alecrim - Rosmarinus officinalis - é uma planta arbustiva que, desde tempos antigos, tem dado provas do seu uso, pois tem sido encontrado em diversos vestígios arqueológicos, nomeadamente túmulos egípcios.
Entre os gregos e os romanos era considerada uma planta
sagrada, pois é sabido que os primeiros o utilizavam em coroas
para a cabeça durante festas e rituais importantes, assim como era
queimado em locais sagrados. Os romanos chamavam-no de rosmarinus, que, em latim, significa "orvalho do
mar", embora a etimologia da palavra alecrim tenha origem no termo em
árabe al-iklil.
Os povos árabes verificavam as suas propriedades
anti-parasitárias, pois ele afastava as pragas, daí ser plantado perto das
suas casas ou em locais agrícolas, tendo, na realidade, as suas propriedades anti-sépticas sido reconhecidas
até aos nossos dias.
Durante a Idade Média o fumo
obtido da sua queima era usado para desinfestar espaços e afastar os espíritos
malignos, sendo aplicadas fumigações em locais com pessoas doentes. Algumas
crenças populares ainda consideram que esta planta afasta o mau olhado e a
inveja, daí ela ser conhecida por "erva das
benzedeiras" ou "erva das bruxas" e, também, os pesadelos
quando, durante a noite, é colocado sob a almofada.
SIMBOLOGIA
A igreja cristã tem-na utilizado como incenso, sendo um amuleto para atrair boas energias, principalmente em casamentos, dizendo a tradição que se alguém toca a pessoa amada com um ramo de alecrim, o amor da pessoa tocada vai ser eterno.
ACANTO
O acanto (do grego “akantha” espinho) é uma planta arbustiva espinhosa que apresenta um
porte majestoso pelas suas altivas inflorescências, que despontam no final da Primavera, assim como longas, belas e largas folhas de acentuado contorno foliar.
Com
origem nas estepes africanas e asiáticas foi introduzida nas regiões
mediterrânicas, desde tempos antigos, onde a sua presença é comum em locais pedregosos, húmidos e de luminosidade medianamente intensa.
É uma
planta perene, cuja presença produz um forte impacto ornamental e decorativo,
associada a uma mensagem poética que, simbolicamente, remete para a
honestidade, pureza moral e perfeição.
A arquitectura grega criou, durante a antiguidade clássica, as três
conhecidas ordens (dórica, jónica e coríntia), difundidas pelo helenismo como
marcos que consolidaram as bases da arquitectura ocidental.
Capitel coríntio
Segundo conta Vitrúvio (siglo I a.C.) na sua obra “Os dez livros de Arquitetura”, a origem do capitel, característico da ordem coríntia, tem uma relação directa com o acanto através da lenda seguinte:
A terceira ordem, chamada de Corinto, imita a delicadeza, bem visível nas suas folhas, de uma adolescente, a qual pela sua juventude, têm membros delicados que lhe dão uma configuração harmoniosa, onde os ornamentos produzem efeitos de extrema beleza.
A lenda diz que a descoberta do capitel coríntio teve início assim: uma jovem de Corinto, em idade para casar morreu de uma doença.
Após o seu funeral, a ama juntou algumas das bebidas que ela gostava numa cesta de vime e, colocou-as perto da sua sepultura cobertas por uma telha para que se mantivessem em boas condições durante mais tempo. Por coincidência, a cesta foi colocada sobre uma raiz de um acanto e, quando chegou a primavera, pequenos caules e folhas redondas cresceram em seu redor, envolvendo-a e conferindo-lhe uma elegância e delicadeza que lembravam a jovem desaparecida. Este facto não passou despercebido a Calímaco que, passando em frente à tumba, e observando a delicadeza da cesta com o formato original das folhas que cresceram em seu torno, nelas se inspirou na criação dos belos capitéis coríntios.
A lenda diz que a descoberta do capitel coríntio teve início assim: uma jovem de Corinto, em idade para casar morreu de uma doença.
Após o seu funeral, a ama juntou algumas das bebidas que ela gostava numa cesta de vime e, colocou-as perto da sua sepultura cobertas por uma telha para que se mantivessem em boas condições durante mais tempo. Por coincidência, a cesta foi colocada sobre uma raiz de um acanto e, quando chegou a primavera, pequenos caules e folhas redondas cresceram em seu redor, envolvendo-a e conferindo-lhe uma elegância e delicadeza que lembravam a jovem desaparecida. Este facto não passou despercebido a Calímaco que, passando em frente à tumba, e observando a delicadeza da cesta com o formato original das folhas que cresceram em seu torno, nelas se inspirou na criação dos belos capitéis coríntios.
Outra interpretação da lenda afirma que a jovem era filha do próprio Calímaco, escultor grego do final do séc. V, tendo sido este a colocar a cesta e a constatar o belo efeito resultante do crescimento da planta de acanto em seu redor, e dele retirado a ideia para o efeito arquitectónico que concebeu.
A representação desta planta foi especialmente utilizada na decoração da arquitectura funerária, sendo usada para indicar que as duras provas da vida e da morte, simbolizadas pelos espinhos da planta, foram vencidas.
O acanto ornamentava, para além dos capitéis coríntios, os carros fúnebres e as vestes dos grandes homens, pois estes pela sua supremacia tinham ultrapassado as dificuldades vividas.
Na arte
românica o acanto é utilizado como um símbolo do sofrimento humano, da sua
queda na matéria, dificuldade e aspiração à eternidade e redenção. Na Bíblia a
citação “o solo produzirá para ti espinhas e cardos” (Gén 3:18) remete a
importância da dor produzida pelo pecado, como necessária ao caminho da alma na
procura da eternidade, pois após a provação ultrapassada ela é transfigurada em
glória.
Fonte: Jean Chevalier,
«Dicionário dos Símbolos», Teorema
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