O
acónito (Aconitum napellus) é uma planta de elevada toxicidade conhecida desde tempos remotos por povos europeus e asiáticos que a utilizavam vulgarmente para fins bélicos, contra
os inimigos, no envenenamento de flechas, espadas, punhais e lanças. Fontes
históricas comprovam a legalidade da sua utilização na Grécia antiga.
O seu poderoso veneno está presente em todas as suas partes, embora a
maior concentração se situe nas raízes. É interessante verificar que as formas
das suas flores, apesar de belas, fazem lembrar um capacete de batalha; daí, a
correspondência entre as suas capacidades mortais e as guerras ou, ainda, às emoções
ligadas ao ímpeto da retaliação, como é o caso do amor carregado de culpa, sendo, por isso, conhecida pela flor da vingança.
MITOLOGIA E MAGIA
A
antiguidade da utilização do acónito é comprovada pela sua fama ser relatada em
histórias mitológicas greco-latinas. Ovídio conta que, no seu último trabalho,
Hércules foi incumbido de trazer do Hades, o cão infernal Cerberus que impedia
a saída do submundo, lutando e vencendo-o apenas com as suas próprias mãos.
Nessa luta, da qual saiu vencedor, ao trazer o animal à luz do dia, fez com que
este, raivoso e sem forças, ao sentir a luz , produzisse uma saliva venenosa
que ao tocar na terra tivesse produzido o acónito. A própria tradição faz
derivar a palavra acónito de Acona (em grego, significa "pedra",
relação com os solos pedregosos onde a planta cresce), vila na Bitínia, no porto
de Heracleia (mar Negro), local de origem da planta.
O acónito está associado a outros mitos, tais como o envenenamento de Teseu por Medeia, à ferida incurável de Quíron e ao sangue derramado, cheio de amargura, pela maldição lançada a Prometeu.
Dioscórides
relata que o veneno das suas raízes era misturado com carne para envenenar os lobos,
prática que permaneceu na Europa medieval associando-se ao mito do lobisomem
pois, ao matar lobos, seria também fatal para os lobisomens (todo o lobo
poderia ser um homem transfigurado). Por esse facto, o acónito, também é
conhecido por “wolfsbane”.
O
seu uso continha outras propriedades mágicas, entre elas a da invisibilidade,
pois a flor, em forma de elmo de combate, serviria para iludir e evitar olhares
indesejados, conferindo vantagens vingativas ao seu portador. E, livros de
magia e feitiçaria citam outros poderes que incluem a capacidade de voar em vassouras
ou, ainda, qualidades visionárias pelo seu efeito alucinogénio. Daí, também, lhe
ser atribuída a possibilidade de desenvolver a sabedoria e inteligência quando as
suas flores eram colocadas, durante o sono, sob a almofada.
Atualmente, é sabido que,
apesar da sua beleza exterior, a presença da aconitina (potente alcalóide) presente
na planta, são a causa da sua elevada toxicidade.
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