domingo, 8 de janeiro de 2017

ACÓNITO

O acónito (Aconitum napellus) é uma planta de elevada toxicidade conhecida desde tempos remotos por povos europeus e asiáticos que a utilizavam vulgarmente para fins bélicos, contra os inimigos, no envenenamento de flechas, espadas, punhais e lanças. Fontes históricas comprovam a legalidade da sua utilização na Grécia antiga.


O seu poderoso veneno está presente em todas as suas partes, embora a maior concentração se situe nas raízes. É interessante verificar que as formas das suas flores, apesar de belas, fazem lembrar um capacete de batalha; daí, a correspondência entre as suas capacidades mortais e as guerras ou, ainda, às emoções ligadas ao ímpeto da retaliação, como é o caso do amor carregado de culpa, sendo, por isso, conhecida pela flor da vingança.

MITOLOGIA E MAGIA

A antiguidade da utilização do acónito é comprovada pela sua fama ser relatada em histórias mitológicas greco-latinas. Ovídio conta que, no seu último trabalho, Hércules foi incumbido de trazer do Hades, o cão infernal Cerberus que impedia a saída do submundo, lutando e vencendo-o apenas com as suas próprias mãos. Nessa luta, da qual saiu vencedor, ao trazer o animal à luz do dia, fez com que este, raivoso e sem forças, ao sentir a luz , produzisse uma saliva venenosa que ao tocar na terra tivesse produzido o acónito. A própria tradição faz derivar a palavra acónito de Acona (em grego, significa "pedra", relação com os solos pedregosos onde a planta cresce), vila na Bitínia, no porto de Heracleia (mar Negro), local de origem da planta.


O acónito está associado a outros mitos, tais como o envenenamento de Teseu por Medeia, à ferida incurável de Quíron e ao sangue derramado, cheio de amargura, pela maldição lançada a Prometeu.
Dioscórides relata que o veneno das suas raízes era misturado com carne para envenenar os lobos, prática que permaneceu na Europa medieval associando-se ao mito do lobisomem pois, ao matar lobos, seria também fatal para os lobisomens (todo o lobo poderia ser um homem transfigurado). Por esse facto, o acónito, também é conhecido por “wolfsbane”.
O seu uso continha outras propriedades mágicas, entre elas a da invisibilidade, pois a flor, em forma de elmo de combate, serviria para iludir e evitar olhares indesejados, conferindo vantagens vingativas ao seu portador. E, livros de magia e feitiçaria citam outros poderes que incluem a capacidade de voar em vassouras ou, ainda, qualidades visionárias pelo seu efeito alucinogénio. Daí, também, lhe ser atribuída a possibilidade de desenvolver a sabedoria e inteligência quando as suas flores eram colocadas, durante o sono, sob a almofada.
Atualmente, é sabido que, apesar da sua beleza exterior, a presença da aconitina (potente alcalóide) presente na planta, são a causa da sua elevada toxicidade.


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