Esta planta desponta, em
especial, nos campos de centeio, durante a época das colheitas, no final do
verão. Daí ser simbolizada em diversas
tradições da renovação anual da natureza, pois sempre acompanhou as práticas
agricultura da humanidade desde a Idade da Pedra até aos nossos dias.
Atualmente, com o uso dos herbicidas a centáurea tem vindo a diminuir
tornando-se cada vez mais rara na Europa, embora fosse muito comum no passado,
dificultando por vezes a recolha do cereal.
Todas as suas partes eram
utilizadas como medicamento, acreditando-se que aliviava a febre e limpava o
sangue, atuando como adstringente, diurético e purgativo, sendo ainda usada em
problemas oculares, principalmente conjuntivite. As suas propriedades terapêuticas
estão comprovadas pela presença de vários compostos bioativos, tais como: glicosídeos,
antocianina e taninos.
SIMBOLISMO
Pinturas de centáurea foram
encontradas no Antigo Egipto, datando do 4ºmilénio a.C (idade da Pedra à idade
do Bronze). Pelo facto de estar associada à vida agrícola, e talvez pela
semelhança entre a sua cor e o lótus azul (Nimphaea
coerulea), rapidamente se tornou um símbolo de vida e fertilidade, sendo
cultivada como planta de jardim e pintada nos palácios de Amarna (1364 – 1347
a.C). Era ainda utilizada com elemento decorativo em vasos de cerâmica ou de
adorno pessoal. No túmulo de Tutankamon (1922) encontraram-se grinaldas e
coroas desta planta juntas a pétalas de lótus azul.
Durante o seu funeral, o faraó
era associados a Osíris, deus da fertilidade, e também da agricultura, que
depois de ter sido assassinado pelo seu irmão Seth, se tornou o soberano do
submundo, tendo o poder de ciclicamente regenerar a natureza e renovar o
nascimento da vida.
O nome científico do género Centaurea (dado por Lineu) deriva da
história de Aquiles e do centauro Quíron, seu conselheiro. Segundo a lenda
grega, Aquiles (ou o próprio Quíron) foi atingido, inadvertidamente, por uma
flecha mortal lançada por Hércules, envenenada com o sangue da Hidra (imaginada
como uma grande cobra de água ou, por vezes, como uma lesma gigante) sendo a
cura obtida pela aplicação desta planta e daí a causa do seu nome. Cyanus (azul) era apenas o seu nome desde
as antigas culturas do Mediterrâneo até ao séc. XVII.
No simbolismo cristão as cobras estão associadas ao demónio por isso a centáurea, pelas suas capacidades de
cura, foi associada a Maria e a Cristo, aparecendo a eles associada em várias
pinturas (principalmente frescos) da Idade Média e Renascença.
A centáurea também tem sido um
símbolo de amizade, fidelidade e confiança. No nascimento de Vénus (Botticelli,
séc. XVI) ela aparece pintada no vestido de uma Hora (deusa das estações) que
saúda a deusa do amor à sua chegada.
Curiosamente, também é encontrada como
símbolo de majestade e poder numa tapeçaria chamada “Verdure of arms of Emperor
Charles V”, onde se observa a águia de duas cabeças como sinal da monarquia de
Habsburgo e os brasões rodeados por várias plantas desenhadas de forma realista,
entre elas a centáurea.
Apesar de ser considerada durante
muitos séculos como uma erva do campo, a centáurea ressurgiu nos nossos dias
como flor de jardim, esse facto talvez ainda permita salvá-la da extinção pela
agricultura moderna.
Atualmente, foi escolhida como a flor nacional da Estónia não só pela forma artística mas, em especial, devido à sua popularidade e origem, pois a centáurea cresce no solo estoniano há mais de 10.000 anos, desde o momento em que os primeiros humanos chegaram ao norte da Europa.
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