domingo, 11 de junho de 2017

CENTÁUREA




A centáurea (Centaurea cyanus) do ponto de vista taxonómico, pertence à família das Asteráceas e, sendo nativa da Europa, é uma planta herbácea anual cujas inflorescências, de um magnífico tom de azul, apresentam pequenas flores de corola tubular.
Esta planta desponta, em especial, nos campos de centeio, durante a época das colheitas, no final do verão.  Daí ser simbolizada em diversas tradições da renovação anual da natureza, pois sempre acompanhou as práticas agricultura da humanidade desde a Idade da Pedra até aos nossos dias. Atualmente, com o uso dos herbicidas a centáurea tem vindo a diminuir tornando-se cada vez mais rara na Europa, embora fosse muito comum no passado, dificultando por vezes a recolha do cereal.
Todas as suas partes eram utilizadas como medicamento, acreditando-se que aliviava a febre e limpava o sangue, atuando como adstringente, diurético e purgativo, sendo ainda usada em problemas oculares, principalmente conjuntivite. As suas propriedades terapêuticas estão comprovadas pela presença de vários compostos bioativos, tais como: glicosídeos, antocianina e taninos.



SIMBOLISMO


Pinturas de centáurea foram encontradas no Antigo Egipto, datando do 4ºmilénio a.C (idade da Pedra à idade do Bronze). Pelo facto de estar associada à vida agrícola, e talvez pela semelhança entre a sua cor e o lótus azul (Nimphaea coerulea), rapidamente se tornou um símbolo de vida e fertilidade, sendo cultivada como planta de jardim e pintada nos palácios de Amarna (1364 – 1347 a.C). Era ainda utilizada com elemento decorativo em vasos de cerâmica ou de adorno pessoal. No túmulo de Tutankamon (1922) encontraram-se grinaldas e coroas desta planta juntas a pétalas de lótus azul.




Durante o seu funeral, o faraó era associados a Osíris, deus da fertilidade, e também da agricultura, que depois de ter sido assassinado pelo seu irmão Seth, se tornou o soberano do submundo, tendo o poder de ciclicamente regenerar a natureza e renovar o nascimento da vida.
O nome científico do género Centaurea (dado por Lineu) deriva da história de Aquiles e do centauro Quíron, seu conselheiro. Segundo a lenda grega, Aquiles (ou o próprio Quíron) foi atingido, inadvertidamente, por uma flecha mortal lançada por Hércules, envenenada com o sangue da Hidra (imaginada como uma grande cobra de água ou, por vezes, como uma lesma gigante) sendo a cura obtida pela aplicação desta planta e daí a causa do seu nome. Cyanus (azul) era apenas o seu nome desde as antigas culturas do Mediterrâneo até ao séc. XVII.
No simbolismo cristão as cobras estão associadas ao demónio por isso a centáurea, pelas suas capacidades de cura, foi associada a Maria e a Cristo, aparecendo a eles associada em várias pinturas (principalmente frescos) da Idade Média e Renascença.
A centáurea também tem sido um símbolo de amizade, fidelidade e confiança. No nascimento de Vénus (Botticelli, séc. XVI) ela aparece pintada no vestido de uma Hora (deusa das estações) que saúda a deusa do amor à sua chegada. 



Curiosamente, também é encontrada como símbolo de majestade e poder numa tapeçaria chamada “Verdure of arms of Emperor Charles V”, onde se observa a águia de duas cabeças como sinal da monarquia de Habsburgo e os brasões rodeados por várias plantas desenhadas de forma realista, entre elas a centáurea.


Apesar de ser considerada durante muitos séculos como uma erva do campo, a centáurea ressurgiu nos nossos dias como flor de jardim, esse facto talvez ainda permita salvá-la da extinção pela agricultura moderna.




Atualmente, foi escolhida como a flor nacional da Estónia não só pela forma artística mas, em especial, devido à sua popularidade e origem, pois a centáurea cresce no solo estoniano há mais de 10.000 anos, desde o momento em que os primeiros humanos chegaram ao norte da Europa.






Fonte

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