O nártex (Ferula communis) e o silphion representam duas plantas umbelíferas, da família das Apiáceas, oriundas da Ásia ocidental e bacia do mediterrâneo. A importância das suas propriedades terapêuticas especiais conferiu-lhes um valor simbólico desde o mundo antigo até aos nossos dias.
NÁRTEX (Ferula communis)
SILPHION
O nártex, nome dado em tempos passados, conhecido atualmente por funcho gigante ou canafrecha, ainda hoje perdura, enquanto que o silphion é considerada uma espécie extinta.
Ambas as plantas apresentam
aspetos semelhantes que se manifestam num caule robusto e ereto que apresenta
várias inflorescências largas e douradas.
O nártex pode ultrapassar a altura de
um homem, atingindo até 4 – 5 metros de altura.
SIMBOLISMO
SIMBOLISMO
A sua forma vegetal, de longo caule terminando em cachos de umbelas doiradas cintilando como a luz, está associada ao mito de Prometeu quando este roubou, secretamente, o
fogo divino de Hefesto, transportando a chama sagrada num tubo para o trazer em
benefício da humanidade.
O silphion apesar de atualmente
inexistente (provavelmente, também do género Ferula e considerado por alguns autores uma variedade de Thapsia garganica) era, na antiguidade
uma planta que curava todas as doenças e de forte ação afrodisíaca. A raridade
desta planta confinava-a, porém, apenas à zona de Cirene, no oeste da Líbia,
onde o seu valor se tornou de tal forma elevado que se tornou a base da saúde
dos seus cidadãos e, pela cunhagem em moedas locais da época, concluiu-se que era, também, de grandes dimensões.
Foi durante o império romano, por
razões desconhecidas, que entrou em declínio, estando referido que o ultimo
exemplar da sua espécie foi oferecido a Nero no ano 50 d.C. As causas
principais do seu desaparecimento são em especial atribuídas ao facto da
impossibilidade de ser cultivada ou semeada associado ao seu elevado consumo.
Todas as suas partes eram aproveitadas
e ingeridas para combater muitas doenças, sendo ainda aplicada externamente
como uma pomada para curar feridas, abcessos e até mordeduras de cobra. Antigos
autores referem que os seus caules e folhas jovens eram consumidas como fruta
ou vegetal, da sua seiva (látex) era obtida uma resina de cheiro forte – asafoetida (com sulfuretos) e dos seus
nós, por trituração, um pó que era dissolvido em água ou vinho.
O silphion foi uma das plantas
consagradas a Afrodite pois, para além das propriedades já mencionadas, manifestava
um efeito afrodisíaco associado à capacidade de evitar a contraceção, ou ainda provocar
o aborto, o que permitia uma maior liberdade nas relações amorosas e uma razão
para o seu frequente uso.
É interessante verificar que as suas sementes lembram a forma de um coração patente na cunhagem de moedas da época.
Apesar do silphion existir apenas em Cirene, foi encontrado em Micenas (Kontorlis, 1985) um anel sinete onde se observa uma figura feminina, sentada sob uma planta, com outras três que lhe trazem ofertas. Alguns investigadores associaram a imagem a Vénus, acompanhada de sacerdotisas, e a planta, semelhante a uma umbelífera, ao silphion. Sendo essa interpretação credível, já as propriedades estimulantes desta planta eram conhecidas, e veneradas a esta deusa, no período micénico, sendo Cirene uma possível colónia.
Outra planta, atualmente
existente, que se pensa ter substituído o silphium é a assafétida (Ferula asafoetida) cujos caules podem
ultrapassar os 3,5 m de altura e 10 cm de diâmetro, ocorrendo hoje em regiões
que vão desde o Irão e Afeganistão até à Ásia Central e sendo usado como planta
comestível, especiaria, medicamento e afrodisíaco.
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