O lírio é uma flor muito
apreciada desde a antiguidade e de elevada expressão simbólica. A elegância das
suas flores tem inspirado poetas e pintores, continuando nos dias de hoje, pela riqueza das suas cores e beleza das formas, a estimular em vários aspectos a mentalidade humana.
A planta pertence ao género do
mesmo nome, Iris, e à família das
Iridáceas, sendo frequente ocorrer em zonas temperadas. A sua diversidade
permite uma adaptação que vai desde lagos a regiões semidesérticas. No hemisfério
norte está representada com cerca de 300 espécies.
A flor apresenta uma morfologia caracterizada
por um perianto de seis tépalas, dispostas alternadamente, onde as externas se
apresentam defletidas e as internas estão em posição elevada. Os estames têm
forma de pétalas apresentando uma extremidade bifurcada e a planta é bulbosa,
apresentando folhas que emergem junto ao solo.
Algumas espécies têm sido usadas,
desde a antiguidade, para fins medicinais (rizomas) pelo seu elevado conteúdo
em taninos e glicósidos de forte efeito emético e purgativo. Outras, como é o
caso da Iris florentina, tem sido
usada na perfumaria porque os seus rizomas libertam um perfume que se assemelha
a violetas, enquanto que os rizomas da Iris
pseudacorus, cozidos com um composto de ferro solúvel, produzem uma tinta
preta intensa que era usada para tingir couro e tecidos.
SIMBOLISMO
No antigo Egipto as flores do lírio eram símbolos de vitória, domínio e poder, ocorrendo representações de flores estilizadas nos ceptros de vários faraós.
Iris Carrying the Water Across the River Styx to Olympus for the Gods to Swear - Guy Head (1793)
Na Grécia a palavra grega “iris”
significava arco-íris, nome derivado da deusa Íris que era a personificação do
arco-íris e mensageira dos deuses. Tal como o arco-íris que une a Terra ao Céu,
esta deusa era uma mensageira entre os deuses e os seres humanos, servindo,
também, de companhia para as almas femininas no caminho para o outro mundo. Numa
pintura mural em Akrotiri (Santorini), séc. XVII a.C, Eurídice, esposa de Orfeu,
aparece num prado fugindo de Aristeu, sendo mordida por uma serpente venenosa, com
uma flor de lírio no seu colar, símbolo da morte que se aproxima.
Durante a antiguidade clássica o lírio foi uma flor preferida para colocar em sepulturas, tradição que persistiu na Turquia
até o início do séc. XX com a utilização de variedades azuis. No antigo Japão, a íris azul, Iris ensata, era um símbolo de bravura.
Hugo van der Netherlandish Northern Renaissance (ca.1440-1482)
The Portinari Altarpiece central panel, (detail), 1475
Na idade média, em pinturas e
tapeçarias, a planta ocorre como elemento apotropaico protegendo contra o poder
e astúcia do diabo. Na Suécia, St Brigitte (1307-1373) associou,
simbolicamente, as suas folhas agudas à dor da Virgem Maria.
O lírio tem sido representada na heráldica e em
emblemas reais, na forma da Flor-de-Lis, frequentemente associada à monarquia francesa, onde representa
a fé, sabedoria e heroísmo.
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