O lótus de flores brancas ou
rosadas - Nelumbo nucifera - da
família Nelumbonaceae é uma planta cujo valor simbólico perdura há mais de 4000
anos em várias partes e culturas do mundo. É contudo na Ásia, subcontinente
indiano e Sudeste Asiático, através da tradição budista, que este (lótus
indiano) foi amplamente divulgado.
Do ponto de vista biológico estas plantas
vivem em águas calmas com caules e raízes mergulhadas na água e folhas e flores
que flutuam à superfície.
No delta do Nilo, predominam duas espécies, o lótus azul ou lótus egípcio (Nymphae acaerulea) e o lótus branco (Nymphaea lotus), ambos libertando um aroma agradável. Estas plantas, contudo, tem um efeito narcotizante, devido à presença alcalóides (presença de compostos semelhantes à tropina e papaverina) sendo usadas em práticas xamânicas.
SIMBOLISMO
No Egipto, as flores do lírio de
água azul (lótus azul) por abrirem durante a manhã e fecharem à tarde,
tornaram-se um ícone do sol nascente em ação benéfica na contínua renovação da
vida. Como símbolo do estado, lótus entrelaçados e plantas de papiro costumavam
significar a união do Alto e Baixo Egipto.
O 'ankh', símbolo egípcio da vida eterna (possivelmente um nó mágico) aparece, por vezes, decorado com esta planta. A sacralidade do lótus no Egipto faraónico está, possivelmente, relacionada com os seus efeitos como droga alucinógena capaz de permitir comunicar com o outro mundo.
Flor de lótus - Mastaba (Abydos)
No túmulo de Tutankhamon (Vale
dos Reis, Egipto, 1347-1338 a.C.) Howard Carter encontrou coroas de flores
secas, nas quais se encontrava o lótus azul e o caixão mais interno, continha
um grande colar de flores, com fileiras de pétalas de lótus, símbolo de ressurreição.
No hinduísmo, desde tempos
remotos, o lótus indiano foi uma planta particularmente sagrada. Foi
considerado o útero da mágica criação do universo ou o berço de onde nasceram
todos os deuses.
No budismo, o lótus indiano tem um significado central,
estando associado ao nascimento de Bodhisattva (Buda), daí ele estar várias
vezes retratado sentado sob flores de lótus.
Maitreya
O lótus foi adotado como a flor
da Índia não só por questões espirituais, mas, também, devido à sua fertilidade
(relação à forma do gineceu), longa vida e sabedoria associada à riqueza dos
seu variados usos culinários.
Uma vez introduzido no Egipto, o
lótus indiano substituiu a espécie nativa no culto de Isis no primeiro século
a.C. Isis era não só a deusa da proteção e uma mãe divina mas, também, a
governante do submundo e da rainha do céu. A flor de lótus indiana era um dos seus
mais importantes atributos.
Na igreja cristã também se
verifica a importância do seu valor simbólico. No concílio de Éfeso (431 d.C),
Santa Maria foi designada de “Theotokos” (a portadora de Deus) e na construção
de igrejas a ela dedicada, foi associada a flor do lótus à sua imagem.
FONTE
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