sexta-feira, 23 de junho de 2017

LÓTUS






O lótus de flores brancas ou rosadas - Nelumbo nucifera - da família Nelumbonaceae é uma planta cujo valor simbólico perdura há mais de 4000 anos em várias partes e culturas do mundo. É contudo na Ásia, subcontinente indiano e Sudeste Asiático, através da tradição budista, que este (lótus indiano) foi amplamente divulgado. 
Do ponto de vista biológico estas plantas vivem em águas calmas com caules e raízes mergulhadas na água e folhas e flores que flutuam à superfície.





No delta do Nilo, predominam duas espécies, o lótus azul ou lótus egípcio (Nymphae acaerulea) e o lótus branco (Nymphaea lotus), ambos libertando um aroma agradável. Estas plantas, contudo, tem um efeito narcotizante, devido à presença alcalóides (presença de compostos semelhantes à tropina e papaverina) sendo usadas em práticas xamânicas.









SIMBOLISMO


No Egipto, as flores do lírio de água azul (lótus azul) por abrirem durante a manhã e fecharem à tarde, tornaram-se um ícone do sol nascente em ação benéfica na contínua renovação da vida. Como símbolo do estado, lótus entrelaçados e plantas de papiro costumavam significar a união do Alto e Baixo Egipto.




O 'ankh', símbolo egípcio da vida eterna (possivelmente um nó mágico) aparece, por vezes, decorado com esta planta. A sacralidade do lótus no Egipto faraónico está, possivelmente, relacionada com os seus efeitos como droga alucinógena capaz de permitir comunicar com o outro mundo.


                                                            Flor de lótus - Mastaba (Abydos)


A planta era, também, utilizada em rituais funerários, como ícone religioso, aparecendo em diversos objectos cerimoniais ou ainda como elemento decorativo. Em várias tumbas foram encontradas imagens de lótus reproduzidos com bastante precisão em pedra calcária. As suas flores e vitualhas eram colocadas perto dos pés do defunto, aparentemente, para alimentar tanto o espírito como o corpo na vida após a morte.
No túmulo de Tutankhamon (Vale dos Reis, Egipto, 1347-1338 a.C.) Howard Carter encontrou coroas de flores secas, nas quais se encontrava o lótus azul e o caixão mais interno, continha um grande colar de flores, com fileiras de pétalas de lótus, símbolo de ressurreição.

No hinduísmo, desde tempos remotos, o lótus indiano foi uma planta particularmente sagrada. Foi considerado o útero da mágica criação do universo ou o berço de onde nasceram todos os deuses. 


Maitreya


No budismo, o lótus indiano tem um significado central, estando associado ao nascimento de Bodhisattva (Buda), daí ele estar várias vezes retratado sentado sob flores de lótus.
O lótus foi adotado como a flor da Índia não só por questões espirituais, mas, também, devido à sua fertilidade (relação à forma do gineceu), longa vida e sabedoria associada à riqueza dos seu variados usos culinários.

Uma vez introduzido no Egipto, o lótus indiano substituiu a espécie nativa no culto de Isis no primeiro século a.C. Isis era não só a deusa da proteção e uma mãe divina mas, também, a governante do submundo e da rainha do céu. A flor de lótus indiana era um dos seus mais importantes atributos.

Na igreja cristã também se verifica a importância do seu valor simbólico. No concílio de Éfeso (431 d.C), Santa Maria foi designada de “Theotokos” (a portadora de Deus) e na construção de igrejas a ela dedicada, foi associada a flor do lótus à sua imagem. 


FONTE

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