terça-feira, 13 de junho de 2017

CHICÓRIA



A chicória, Chichorium intybus, é uma Asteraceae que se manifesta na forma de uma herbácea perene que germina em zonas temperadas da Europa, Ásia, EUA e Canadá, assim como na Austrália.



Nos países nórdicos apenas algumas plantas selvagens se mantêm floridas em novembro, mas as flores azuis claras da chicória, presentes no final da primavera, mantém-se até ao final do outono. Esse facto deve-se à secagem gradual dos seus caules, das suas raízes persistentes, longas e penetrantes, e das curtas folhas em roseta que lhe conferem a resistência necessária para sobreviver mesmo nos invernos mais frios. 


SIMBOLISMO  


Este facto fez desta planta um símbolo de força e perseverança sobre as dificuldades, ficando por isso muito associada aos mártires cristãos, durante a Idade Média, como está patente num painel do martírio de S. Sebastião onde este, preso a um tronco de árvore e o corpo perfurado por flechas, está acompanhado, a seus pés, por uma grande planta de chicória. (the Augustinus Altar-1487 – Germanisches Nationalmuseum, Nurenberg).


O crescimento da chicória nas margens das estradas, consideradas “terras de ninguém”, que o diabo percorria durante a noite ou em lugares desolados, onde eram enterrados os suicidas, transformou-a num símbolo de magia, com regras supersticiosas associadas à sua colheita, desde a Idade Média até ao séc. XVII. Ela estava associada às forças que se consideravam capazes de evitar o mal, encontrando-se, nos chamados “livros de simpatia”, os dias apropriados e instruções exactas para a utilizar, de forma à obtenção dos resultados benéficos pretendidos.

O seu valor apotropaico, isto é, o poder de evitar malefícios ou desgraças é óbvio num painel com Maria e Jesus (Francesco Francia - séc XV - Alte Pinakothek, Munique). Na pintura observam-se, em baixo, junto ao bebé deitado sobre uma almofada, plantas de chicória que protegem o recém-nascido.


No passado, a raiz carnuda da chicória foi utilizada para diversos fins terapêuticos, tendo a sua importância aumentada, no séc. XVIII, quando um jardineiro descobriu que as suas raízes assadas podiam temperar, complementar ou mesmo substituir o café, pois este era uma mercadoria dispendiosa na época. 



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