As folhas têm um grande limbo oval e, tanto
elas como o caule, apresentam um sabor inicialmente amargo passando depois a
doce, propriedade agridoce que dá origem ao nome dessa planta – Dulcamara. Esse
fenómeno deve-se à transformação de uma substância amarga glicosídica que,
através da mastigação, por hidrólise enzimática se torna adocicada. Esta planta é usada para fins
terapêuticos, com bons resultados, mas em doses controladas pois é considerada
tóxica.
SIMBOLISMO
A particularidade de manifestar
um sabor primeiro amargo que depois se torna doce conferiu-lhe um valor
especial, transmitindo a mensagem de que a persistência em algo difícil poderá
ser recompensada, no futuro, por uma crescente doçura, aspecto que a levou a ser
considerada como um símbolo de constância e fidelidade, capaz de proteger do mal e, particularmente,
associado ao pensamento cristão na Idade Média, sendo várias vezes retratada em
pinturas e tapeçarias, por vezes associada à columbina.
Durante a restauração da igreja
de S. Tomás (Leipzig – 2000) foram encontrados belos frescos decorativos (do séc. XV)
onde a dulcamara é facilmente reconhecida na abóbada. A mesma
planta foi, também, pintada em manuscritos com o mesmo propósito.
Na tapeçaria, a dulcamara aparece como motivo, tal como se verifica num fragmento na figura acima (Strasbourg,1500- 1510) onde uma senhora pesa a fidelidade (dulcamara) com uma balança
na mão direita, verificando-se que o peso da planta não é equilibrado pelo ouro. Na mesma
imagem, também, se observa a planta numa coroa de flores sobre a cabeça e, ao
fundo, no chão. A ideia contida no texto presente no plano superior, alega que o verdadeiro amor
supera a prata ou o ouro.
É interessante constatar que a relação desta planta com o amor fiel e verdadeiro aparece na conhecida ópera Elixir de Amor, de Donizetti, no nome do médico ambulante Dulcamara, vendedor de uma suposta poção amorosa com a qual Nemorino pretendia conquistar Adina.
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