quinta-feira, 15 de junho de 2017

DULCAMARA





A dulcamara (Solanum dulcamara) é uma planta da família das Solanáceas que se apresenta na forma de uma trepadeira que pode atingir alguns metros de altura, quando se apoia noutras plantas para crescer. A dulcamara apresenta flores dispostas em cachos de coloração violeta azulada, com uma coluna central amarela e o seu fruto é uma pequena baga oval, de vermelho brilhante, que amadurece no outono.



As folhas têm um grande limbo oval e, tanto elas como o caule, apresentam um sabor inicialmente amargo passando depois a doce, propriedade agridoce que dá origem ao nome dessa planta – Dulcamara. Esse fenómeno deve-se à transformação de uma substância amarga glicosídica que, através da mastigação, por hidrólise enzimática se torna adocicada. Esta planta é usada para fins terapêuticos, com bons resultados, mas em doses controladas pois é considerada tóxica.


SIMBOLISMO

A particularidade de manifestar um sabor primeiro amargo que depois se torna doce conferiu-lhe um valor especial, transmitindo a mensagem de que a persistência em algo difícil poderá ser recompensada, no futuro, por uma crescente doçura, aspecto que a levou a ser considerada como um símbolo de constância e fidelidade, capaz de proteger do mal e, particularmente, associado ao pensamento cristão na Idade Média, sendo várias vezes retratada em pinturas e tapeçarias, por vezes associada à columbina.


Durante a restauração da igreja de S. Tomás (Leipzig – 2000) foram encontrados belos frescos decorativos (do séc. XV) onde a dulcamara é facilmente reconhecida na abóbada. A mesma planta foi, também, pintada em manuscritos com o mesmo propósito.


Na tapeçaria, a dulcamara aparece como motivo, tal como se verifica num fragmento na figura acima (Strasbourg,1500- 1510) onde uma senhora pesa a fidelidade (dulcamara) com uma balança na mão direita, verificando-se que o peso da planta não é equilibrado pelo ouro. Na mesma imagem, também, se observa a planta numa coroa de flores sobre a cabeça e, ao fundo, no chão. A ideia contida no texto presente no plano superior, alega que o verdadeiro amor supera a prata ou o ouro.





É interessante constatar que a relação desta planta com o amor fiel e verdadeiro aparece na conhecida ópera Elixir de Amor, de Donizetti, no nome do médico ambulante Dulcamara, vendedor de uma suposta poção amorosa com a qual Nemorino pretendia conquistar Adina.

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